quarta-feira, 30 de abril de 2014

TÁ SEGURO?





Certo dia, estacionei meu carro em frente a um caixa eletrônico, daqueles vinte quatro horas, para fazer um saque e logo em seguida um lanche, pois estava com muita fome. No momento em que estou saindo do caixa eletrônico, avistei um homem de bem e trabalhador quebrando o vidro do meu carro, levando o rádio e o GPS. Confesso: fiquei surpreso chegando a correr atrás daquele homem, que parecia um velocista. Ele atravessou a Avenida Vinte quatro de Outubro, com o sinal verde, em menos de três segundos. Nossa nunca tinha visto alguém tão rápido!
Na hora fiquei muito triste, mas logo lembrei: ele só estava trabalhando e talvez tivesse achado algum defeito no rádio e o GPS só estava levando para atualizar. Assim poderei andar com meu carro escutando música, sem correr o risco de me perder nessa cidade tão segura e cheia de trabalhadores como ele. Sim estou falando de um homem honesto, um velocista. Mas o vidro! Por que quebrá-lo? Será que foi por segurança? Talvez só esteja pensando no meu bem e trará um vidro novinho em folha, junto com o meu rádio e GPS.
Agora estou até mais tranqüilo! Pagamos por essa segurança de primeiro mundo! Tenho certeza que aquele homem estava naquele local, porque cobria a folga do policial responsável por aquela zona. Acho que estamos pagando por serviços extras também. Isso é privilégio! Poucos têm direito a esses serviços e com tanta qualidade!
Conheço pessoas que tiveram mais de um carro ou moto roubado. Na verdade foram levados para oficinas chamadas desmanches e ainda não voltaram. Mas um dia voltarão, já que foram levados por profissionais de primeira linha, muitos deles criados por nós mesmos e nossa grande estupidez. Desculpa-me quis dizer inteligência! É mais fácil e mais barato comprar nessas oficinas de primeira linha!
Além de todas essas maravilhas que já temos. O governo está investindo muito mais em segurança publica. Com ótimos salários e profissionais altamente capacitados, que podemos chamar de super policiais. Além de um novo método antifurto: ande apenas dois dias da semana com o seu carro e terá apenas sua carteira roubada. Veja que maravilha! Não ter que mandar seu veículo para um desmanche. Fazer seguro da carteira deve ser mais barato que do carro! As seguradoras ganharão uma grana extra!
No final, tudo isso gera emprego! Quem não sabe roubar carro, assalta ou bate carteira. Uma profissão quase extinta por causa da segurança publica.
Contudo, este ano, teremos uma copa do mundo linda e segura!
Já estou pensando em morar no Rio de Janeiro! Vamos?
Essa foi uma homenagem do Filósofo Coletivo a Copa do Mundo!

RICARDO TORQUATO
Licenciado em Educação Física - ULBRA Gravataí

segunda-feira, 28 de abril de 2014

O TEMPO E AS JABUTICABAS


Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver
daqui para frente do que já vivi até agora. Sinto-me como aquela
menina que ganhou uma bacia de jabuticabas. As primeiras, ela
chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.
Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados.
Não tolero gabolices. Inquieto-me com invejosos tentando destruir
quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.
Já não tenho tempo para projetos megalomaníacos.
Não participarei de conferências que estabelecem prazos fixos
para reverter a miséria do mundo. Não quero que me convidem
para eventos de um fim de semana com a proposta de abalar o milênio.
Já não tenho tempo para reuniões intermináveis para discutir estatutos, normas, procedimentos e regimentos internos.
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas,
que apesar da idade cronológica, são imaturos.
Não quero ver os ponteiros do relógio avançando em reuniões
de 'confrontação', onde 'tiramos fatos a limpo'.
Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário geral do coral.
Lembrei-me agora de Mário de Andrade que afirmou: 'as pessoas
não debatem conteúdos, apenas os rótulos'.
Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a
essência, minha alma tem pressa...
Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente
humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não
foge de sua mortalidade, defende a dignidade dos marginalizados,
e deseja tão somente andar ao lado do que é justo.
Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade, desfrutar desse
amor absolutamente sem fraudes, nunca será perda de tempo.'
O essencial faz a vida valer a pena.


Rubem Alves

domingo, 27 de abril de 2014

Vida Virtual X Vida Virtuosa



Excluindo-se os sociólogos, antropólogos e filósofos, poucos param para pensar na dimensão de poder que tem a Vida Virtual – os AVATARES, como chamarei o personagem que criamos dentro de uma rede social. E, sendo a mais difundida na atualidade no Brasil, refiro-me ao “FACEBOOK”.

Um belo dia em meio a uma crise de loucura, eu resolvi cometer suicídio virtual. E foi assim, sem nenhuma preparação para tal, sem nenhuma carta de prego ou de despedida que me EXCLUÍ da Rede Social!

Acredito que dá para fazer uma alusão com sair da Matrix, Acordar!

A partir daí, comecei a fazer as constatações que se seguem:

- Se em seu trabalho você necessita relacionar-se com o público, sua vida profissional fica no mínimo prejudicada, isto para não dizer que é impossível existir sem. De um dia para outro me vi sem contato algum com colegas de trabalho, alunos, prestadores de serviços, pessoas com quem eu preciso contatar direto, seja para vender ou comprar trabalho, para divulgar ou difundir ideia. Eu não tinha telefone, endereço, e-mail, nada de ninguém e nem eles tinham o meu, somente Facebook. A tal ponto que em casos extremos foi necessário pedir para amigos que, com seus avatares, eles deixassem recado para algumas destas pessoas, repassando meu número de contato e pedindo o deles.

- Depois fui percebendo o TAMANHO do buraco criado por esta contemporaneidade tecnológica na sociedade. É como outra dimensão em que 80% das pessoas estão inseridas. Um dia sentei e fiquei observando minha mãe (de 69 anos), sentada por horas em frente ao computador, praticamente imóvel, assistindo a vida dos outros e apercebendo-se muito pouco do que se passava em sua volta na vida real. Em dado momento ela até ficava irritada quando por algum motivo era obrigada a desviar sua atenção para o lado de cá.

- Comecei a me dar conta do quanto sabemos sobre a vida de pessoas que estão tão distantes, que nunca vemos, e quão pouco do que se passa com nosso vizinho. Constatei que no mundo virtual as pessoas gritam suas dores a pessoas que estão tão longe que não podem nem escutá-las, quanto mais lhes estender a mão.

- Quando me suicidei, acreditava que a partir dali eu estaria renascendo pra uma nova vida em que teria pessoas reais ao meu lado, para conviver, para trocar. Mas fui sentindo que mesmo quando as pessoas não estão dentro da dimensão virtual, esta ainda afeta sua dimensão real, pois os assuntos continuavam girando em torno da foto, do acontecimento, da vida que estas pessoas tão distantes postavam no Face, e em pouquíssimos momentos o assunto era o que nós vamos fazer agora, hoje a noite, amanhã... E eu passei a me sentir ainda mais só, pois os comentários sobre a vida dos outros neste momento não me interessavam, então eu entrava pro meu quarto e fechava a porta, e agora já não possuía mais nem a janela da tecnologia. Restava-me deitar e ler minhas paredes, onde estavam gravados meus pensamentos.

- Eles estavam literalmente gravados lá, porque outra mudança provocada na minha vida no tempo post-mortem foi o uso da criatividade. Principalmente nos primeiros dias. A adaptação foi barra, abstinência total, andava pela casa sem saber o que fazer, deitava, levantava, lia um pouco, comia, corria pelos canais de TV. Tentava de tudo, mas ainda faltava algo e aí caiu a ficha: Durante todo o tempo que eu passei na frente daquela tela, atualizando Feeds, assistindo a vida alheia, meu cérebro estava estagnado numa espécie de transe. Ele não precisava fazer força para montar ideias, pois elas já vinham prontas e de quebra em lindas e coloridas imagens por muitas vezes com acompanhamento sonoro, tudo aquilo agradava muito a minha mente e colocava dentro dela muito do que a Matrix queria, o ponto de vista e a opinião da Matrix. Aí eu me dei conta que estava LIVRE agora! Que eu tinha o direito de pensar, inventar, errar, acertar, soltar a “IMAGINAÇÃO”... Há quanto tempo eu não fazia isto?! Nós crescemos e vamos perdendo a propriedade criativa, vamos adequando-nos aos padrões impostos, e com a Matrix então, isto se tornou muito mais fácil. Depois desta conclusão eu pintei cartazes (ficaram bem ruins é verdade, já que eu não desenhava e nem pintava desde a 2° série), mas aquela sensação foi como correr descalça na praia num lindo dia de verão. Eu comprei giz branco e comecei a escrever as frases que gosto nas paredes escuras do meu quarto, de acordo com o ânimo e acontecimento do dia. Eu fiz o esboço de uma pequena comédia; eu fui passear com minha mãe; eu recuperei parte do meu tempo e da minha capacidade de julgamento perante a vida.

Necessitei, devido ao meu trabalho, criar uma nova conta no Facebook, mas desta vez ela é apenas uma conta, não é mais um avatar, pois fora a parte comercial, não tem nada de pessoal, eu entro rapidamente, vejo o que tem de mensagens profissionais, posto divulgação de trabalho, faço os contatos necessários e saio. E nem sinto a mínima vontade de permanecer por ali, como expectadora da vida alheia.

Acredito ainda não ser o fim das lições, mas é o que temos até o presente momento.

Líria Freitas
Acadêmica do curso de Bacharelado em Educação Física
ULBRA Gravataí

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Aquilo


Um mestre havia que dizia chamar-se “Aquilo” tudo quanto existia.

Deus também era Aquilo e Aquilo tudo também seria Deus.

Aquilo estava em tudo e tudo estava n'Aquilo.

A vida consistia em mudar, transformar ou aceitar Aquilo.

Sim, dizia ele: “Aceite Aquilo como Aquilo é, quando não puder mudar Aquilo e transformar n'Aquilo outro.”

Diante do apaixonado, ria ele, a dizer: foi fisgado por Aquilo.

Irreverente e bem-humorado, o mestre proferia a sua bendita palavra, no tom mais elevado, e, com grande pureza, às ações mais degradantes.

Questionado como se atrevia a dizer que Deus era Aquilo e o diabo também, respondia:

“Tudo cabe em ti, e, embora tu sejas aquilo, acrescento então mais palavras – raro é cada ser humano, porque Aquilo os fez todos iguais e todos diferentes. Desigual aparentemente é somente a palavra raro, porque tu és raro e eu aceito Aquilo em ti, do jeito que Aquilo se manifestar. Se me amas, se me odeias, se me compreendes ou não, não vejo diferença, porque eu sou Aquilo em estado liberto. O que posso mudar ou transformar, aceito. O que não posso mudar, Aquilo o fará. Tu és Aquilo e eu sou Aquilo também. Tudo o que tu amas está na aparência d'Aquilo. Já eu, tudo o que amo n'Aquilo é Aquilo.”

Nilsa Alarcon

quinta-feira, 24 de abril de 2014

ONTEM, HOJE OU AMANHÃ? (quando tudo faz sentido)


Por muito tempo acreditei que as estrelas eram apenas vagalumes presos com fitas adesivas em nosso céu. E, que as nuvens eram feitas de algodão para alimentar esses vagalumes.
Porém, com o passar dos anos, fui percebendo que, cada uma dessas estrelas avistadas em algum lugar do universo já foi um sol e tiveram vida. Entretanto, muitas delas já extintas há bilhões de anos luz de distância da terra, ainda emanam resquícios de seu intenso brilho.
Ao assistirmos o vídeo tape com os melhores momentos de nossas vidas, através das cenas de tropeços, vitórias, derrotas e conquistas, podemos ver o quão somos especiais e brilhantes como as estrelas. Porém, conseguimos ser, ao mesmo tempo, tão vazios quanto uma cuia sem erva.
Por outro lado, nossa capacidade de brilhar nos momentos mais adversos de nossa existência, tornando-nos tão fortes quanto o brilho do Sol, faz com que tudo tenha sentido em nossas vidas, e conseguimos entender a fantasia e o faz de conta de ontem, a realidade de hoje e as surpresas do amanhã!
Então meus amigos, brilhem feito estrelas e não sejam vazios como uma cuia sem erva!

RICARDO TORQUATO
Licenciado em Educação Física - ULBRA Gravataí

sexta-feira, 18 de abril de 2014

A SEXTA-FEIRA SANTA




O feriado da Sexta-feira Santa ou Paixão de Cristo existe em todos os países de tradição católica. Mas ainda que a atenção das pessoas se concentre principalmente nessa data, a sexta-feira faz parte de um conjunto maior, composto pelos três dias que antecedem o Domingo de Páscoa, e que na liturgia da Igreja Católica Apostólica Romana recebe o nome de Tríduo Pascal. Uma das principais tradições dos católicos praticantes é a abstinência da carne, em respeito ao sacrifício de Cristo na cruz.
Logo, neste dia ficamos restritos e a deriva de uma série de pecados. Alguns deles um tanto quanto banais, bem como abstinência de carne, por exemplo. Pois será que Jesus Cristo julgaria alguém como pecador, por comer um simples pedaço de carne, mesmo que essa fosse a única forma de alimento de tal pessoa? Ou somente aqueles cujo um bom filé de peixe é servido em sua mesa, estariam livres de todos os pecados desse mundo? Provavelmente não! Já que, nossos pecados não se resumem ao que comemos, e sim aos nossos atos!
Porém, mesmo com tamanho egoísmo, ganancia e rancor, existem evidências claras no aumento do nível de sensibilidade no ser humano, em datas tão especiais, como: a Sexta-feira Santa e a Páscoa. Onde tentamos nos afastar deste lado obscuro que infelizmente, ainda, assola nossos corações.
É, meus amigos! O espírito do Tríduo Pascal nos mostra, que: - Não é preciso ser a pessoa mais religiosa do planeta para entender a necessidade da Sexta Feira Santa, em nossas vidas. A fim de que, o mundo não vire uma Sexta-feira 13.

RICARDO TORQUATO
Licenciado em Educação Física - ULBRA Gravataí

terça-feira, 15 de abril de 2014

O SILÊNCIO DOS LOBOS


Pense em alguém que seja poderoso…

Essa pessoa briga e grita como uma galinha, ou olha e silencia, como um lobo?


Lobos não gritam.

Eles têm a aura de força e poder.

Observam em silêncio.

Somente os poderosos, sejam lobos, homens ou mulheres, respondem a um ataque verbal com o silêncio.

Além disso, quem evita dizer tudo o que tem vontade, raramente se arrepende por magoar alguém com palavras ásperas e impensadas.

Exatamente por isso, o primeiro e mais óbvio sinal de poder sobre si mesmo é o silêncio em momentos críticos.

Se você está em silêncio, olhando para o problema, mostra que está pensando, sem tempo para debates fúteis.

Se for uma discussão que já deixou o terreno da razão, quem silencia mostra que já venceu, mesmo quando o outro lado insiste em gritar a sua derrota.

Olhe.

Sorria.

Silencie.

Vá em frente.

Lembre-se de que há momentos de falar e há momentos de silenciar.

Escolha qual desses momentos é o correto, mesmo que tenha que se esforçar para isso.

Por alguma razão, provavelmente cultural, somos treinados para a

(falsa) idéia de que somos obrigados a responder a todas as perguntas e reagir a todos os ataques.

Não é verdade !

Você responde somente ao que quer responder e reage somente ao que quer reagir.

Você nem mesmo é obrigado a atender seu telefone pessoal.

Falar é uma escolha, não uma exigência, por mais que assim o pareça.

Você pode escolher o silêncio.

Além disso, você não terá que se arrepender por coisas ditas em momentos impensados, como defendeu Xenocrates, mais de trezentos anos antes de Cristo, ao afirmar:

“Me arrependo de coisas que disse, mas jamais do meu silêncio”.

Responda com o silêncio, quando for necessário.

Use sorrisos, não sorrisos sarcásticos, mas reais.

Use o olhar, use um abraço ou use qualquer outra coisa para não responder em alguns momentos.

Você verá que o silêncio pode ser a mais poderosa das respostas.

E, no momento certo, a mais compreensiva e real delas.

Texto de Aldo Aldo Novak