sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Sou chato sim, e quem não é?

Sempre soube que sou chato, e conviver comigo durante mais de três décadas só confirmou minha hipótese. Mas não vejo essa peculiaridade como um defeito (nenhum chato crê que está sendo chato), afinal, faz bem perceber-se como uma das razões para o mundo girar. O mundo (eu diria até o Universos todo) é como é porque estou nele, se não estivesse seria melhor? não sei responder, mas com certeza seria menos simpático, menos agradável e menos fantástico. 

Lendo o Tratado Geral dos Chatos - de Guilherme Figueiredo (Civilização Brasileira, 1993) descobri que a razão mais comum para a chatice é a chamada "crise de mania", quando o sistema de recompensa – a área do cérebro responsável pelo prazer – fica superexcitado, segundo a neurocientista Suzana Herculano-Hozel, da UFRJ. Durante esta crise, a pessoa sente prazer em fazer ou falar a mesma coisa. “Ela não sabe que está sendo desagradável pois o cérebro produz a sensação de que aquilo é legal”, diz Suzana.


Mas, antes de sair por aí dizendo "Ah! Então é por isso que (use o nome do seu conhecido mais chato, menos o meu, claro) é assim!", saiba que ninguém está imune à chatice aguda. "Essas crises são comuns, mas existem em várias gradações. Podem ser bem leves ou chegar ao delírio paranoico, quando a pessoa se sente Deus." Se você se identificou, está em vantagem considerável em relação ao resto da humanidade. Afinal, de acordo com Figueiredo, "os chatos não se chateiam".

Inclusive encontrei algumas classificações que compartilho, e, lógico, das quais não faço parte:

Folgado
Esse cara leva ao pé da letra expressões cordiais como “sinta-se em casa” ou “fique à vontade”. Tem uma relação tão íntima com a sua geladeira que reclama quando você compra uma nova marca de requeijão e avisa que a cerveja está acabando.

Existenchatista
É chato porque existe. Segundo Guilherme Figueiredo, esse tipo está rodeado pelos “anéis de chaturnos”, fazendo com que sua chatura seja sentida à distância. É azarento e sem graça. Não tem amigos e mesmo os animais de estimação são avessos à sua companhia.

O prestativo
Peca por excesso de boas intenções e falta de desconfiômetro. Acredita que está apto a consertar e aprimorar o funcionamento de todo e qualquer aparelho doméstico, inclusive daqueles que estão trabalhando perfeitamente.

Chatimbanco
É fã das pegadinhas: tira a cadeira quando você vai sentar, cola bilhetes engraçadinhos nas suas costas, pisa no pé de todo mundo que aparece de sapato novo. Enquanto você é obrigado a controlar sua vontade de enforcá-lo – pelo bem da festa – o chatimbanco se derrama em risos histéricos.

Chato-etílico
Bastam algumas latinhas e todos estamos sujeitos a essa condição. Os chatos-etílicos têm trajetória decrescente: começam num estágio de melancolia dócil, reclamando da vida, passam por momentos de agressividade, quando qualquer coisa é motivo para briga, e terminam em derrocada total, vomitando na piscina da sua casa.

Luciano do Amaral Dornelles
Coordenador do Curso de Educação Física

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