quinta-feira, 6 de junho de 2013

A dura realidade do atletismo local

 Após 12 anos de realização de grandes eventos de atletismo no Pará, foram gastos cerca de R$ 3,35 milhões em três anos do Grande Prêmio Brasil da modalidade. O valor elevado contrasta com uma dura realidade: a falta de patrocínio e incentivo público e privado predominam.

Os profissionais de Educação Física que desempenham funções como treinadores de atletismo no Estado do Pará estão, em sua maioria, cedidos por projetos sociais do Governo do Pará ou da Prefeitura de Belém e acabam por dividir seus tempos para poderem treinar os atletas.
O resultado desta realidade são técnicos sobrecarregados e sem poder prestar o acompanhamento necessário a todos os competidores e até mesmo aos participantes dos projetos. Enquanto acompanhava o treinamento de seus pupilos que iriam disputar o 37º Troféu Norte Nordeste, que ocorreu em Belém de 17 a 19 de maio, a professora Sandra Queiroz se dividia em três para também prestar apoio a um garoto que fazia o lançamento de dardo no campo e a uma jovem que treinava salto em distância na caixa de areia sem estrutura da Esef da Universidade do Estado do Pará (UEPA).
“Aqui no Pará é assim mesmo. Eu tenho duas turmas pelo projeto Escola de Esporte da Sejel da Prefeitura de Belém: uma para as pessoas que estão sedentárias e querem começar a praticar esporte e uma de aperfeiçoamento, para os jovens que almejam competir no Atletismo, na qual eu tenho aproximadamente 25 atletas. A gente acaba tendo que centrar naqueles garotos e garotas que têm mais possibilidades de avançar na modalidade. Estamos longe da realidade de Rio de Janeiro e São Paulo onde os técnicos são divididos por provas para dar o acompanhamento aos competidores”, revelou.
O professor, já aposentado, Adonai Queiroz, marido de Sandra Queiroz há 30 anos, também ajuda no treinamento dos novos talentos por amor ao esporte. Preocupado com a situação difícil, Adonai reclama das atuais condições de treinamento na UEPA. “A Escola Superior de Educação Física (Esef-UEPA) está sucateada. Os equipamentos que têm aqui são da época que eu era estudante, de 30 anos atrás. Como os Jogos Estudantis Brasileiros vão ser aqui no Pará, pode ser que eles voltem a equipar de novo. Outro problema é a nossa pista que já está deteriorada”, desabafou.
Porém, segundo a professora Suzete Montalvão, que representou o Brasil nas Olimpíadas de Seul-Coreia do sul, em 1988, no revezamento 4x400 m, e que ajudou a revelar o atleta campeão paralímpico Alan Fonteles, as dificuldades para fazer atletismo no Pará superam as questões de infraestrutura.
“A maioria dos nossos atletas são de famílias carentes e por isso muitas das vezes não tem nem mesmo o dinheiro do ônibus para virem treinar. Nós, professores, ajudamos como podemos, arrumando o dinheiro para o transporte, comprando algum alimento e o tênis específico para eles treinarem, conseguindo atendimento médico quando eles precisam. Infelizmente é assim. Falta muita coisa para esta modalidade aqui no Pará e mesmo assim nós conseguimos nos superar e fazer um grande trabalho”, avalia.
Em nota, a Universidade do Estado do Pará (UEPA) garante que serão investidos R$ 6,1 milhões em obras e reformas não apenas no Campus III (Educação Física), mas também no espaço esportivo do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS). As mudanças estruturais na pista de atletismo e no ginásio de Ginástica Olímpica, entre outras reformas iniciarão na segunda quinzena de junho e tem previsão de serem finalizadas em setembro. A verba empregada será fruto de investimento do Comitê Olímpico Brasileiro, R$ 4,5 milhões, e R$ 1,5 milhão do Governo do Estado.

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