As aulas de Educação Física têm sido o calcanhar de Aquiles de muita escola, especialmente da rede privada, simplesmente porque as crianças podem se machucar nestas aulas. E isso é óbvio se não houvesse riscos seriam aulas de crochê, culinária ou qualquer outra coisa que exija o mínimo esforço.
Por sorte o Professor de Educação Física, geralmente,
é muito criativo e faz adaptações ou opta por jogos e exercícios onde
os movimentos amplos acabam sendo evitados, mas faz com que a Educação
Física continue na grade e seja amada pelas crianças.
A
causa desta situação ambígua são as queixas dos pais destas crianças
que se acidentam, sempre tem que haver um culpado quando algo não sai do
jeito que eles esperam.
Vamos tentar entender o ponto de vista de cada um:
A
criança que se vê liberta daquelas mesas e cadeiras e vai ao encontro
do espaço amplo da quadra e fica diante de uma infinidade de
possibilidades de movimento, de expressão de si mesma, de aprendizagem
motora e de descoberta de habilidades. Isso significa movimento, vida;
O Professor de Educação Física que está no seu, ou melhor, num dos seus
ambientes de trabalho, então ele não quer que nada saia errado,
principalmente com esta clientela que, geralmente, o recebe com euforia,
beijos e abraços. Isso significa que este profissional seria incapaz de
negligenciar qualquer uma destas crianças, contudo, infelizmente, tenho
que admitir que há profissionais e profissionais, embora eu acredite
que o profissional de Ed. Física que atua na área escolar ama crianças e
adora o que faz porque se não fosse assim ele teria muitas outras
alternativas na área;
A Direção da escola quer que
tudo corra bem na sua Empresa e que os seus clientes (pais de alunos)
estejam sempre satisfeitos. Isso significa que todo cuidado é pouco com
estas crianças, já que a escola é um dos responsáveis pela promoção da
aprendizagem e integridade geral destas crianças;
Os clientes (pais ou tutores), estes, na maioria
dos casos, são pessoas muito ocupadas que amam suas crianças e que,
assim como os outros, não querem que nada de mal aconteça com os seus
pequenos. Além disso, é da natureza humana querer responsabilizar outro,
pelas coisas que dão errado, esse comportamento é como um mecanismo de
defesa que nos dá a falsa sensação de consciência tranquila. Nestes
casos, isso significa que os pais nunca têm culpa de nada ruim que
aconteça com os seus filhos e que estes sempre são as vítimas.
Mas que tipos de acidentes podem ocorrer e quais são as causas?
As
causas, frequentemente, são coisas de criança: empurrões, choques nos
deslocamentos, cadarços de tênis desamarrados ou até falta de habilidade
motora que pode ser por algum distúrbio psicomotor ou falta de estimulação.
Geralmente
as quedas são as responsáveis pelos acidentes mais graves e estas são
as ocorrências mais comuns não só na escola, mas em casa também. Os seus
efeitos podem variar de um arranhão ou um ralado até
uma fratura, luxação ou corte profundo. E como, também, é da natureza
humana querer ajudar é neste momento que pode surgir um culpado por
danos maiores, então seguem algumas dicas:
Para o professor:
Planeje sempre as suas aulas de acordo com o espaço, o material e o número de crianças;
Jogos
onde muitas crianças devem correr ao mesmo tempo e em direções variadas
devem ser utilizados, de preferência, para classes a partir do 2º ano
do ensino fundamental;
Evite jogos ou atividades muito dinâmicas em espaços pequenos, com colunas ou com objetos como móveis, por exemplo;
As bolas utilizadas devem ser adequadas para a faixa etária;
Nunca
subestime o choro de um aluno que diz ter se machucado. E se você
desconfiar que foi um acidente grave como uma fratura, luxação, entorse
ou ruptura de ligamentos peça para algum aluno chamar o coordenador ou
diretor, afaste as demais crianças e não saia de perto do aluno
machucado em hipótese alguma, não mexa e não deixe ninguém mexer na
criança até que chegue a ajuda especializada como médico da escola, SAMU
(192) ou RESGATE (193), além disso, acompanhe o aluno, porque só você
poderá relatar o que aconteceu, já que a ocorrência foi na sua aula;
Em caso de acidentes com cortes profundos, é comum
acontecer com supercílios e queixo, então se você não sofrer da
síndrome vasovagal, o procedimento é quase o mesmo é importante acalmar a
criança, que pode se assustar ao ver tanto sangue, deixe a área do
corte mais eleva que o restante do corpo e pressione o ferimento com um
pano extremamente limpo até chegar o socorro adequado;
Para o gestor escolar:
Em
casos assim a sua prioridade é a criança, então o primeiro passo, após
chamar ajuda especializada, se for o caso, é comunicar os pais ou
tutores;
Só leve a vítima ao hospital em veículo particular se você tiver autorização dos responsáveis por escrito;
Promova para pais, alunos e funcionários cursos de orientação em primeiros socorros;
Todas as áreas comuns da escola devem
ter vidros sinalizados, escadas com corrimão e degraus sinalizados com
adesivos antiderrapantes e se houver colunas no pátio e na quadra as
mesmas devem ser protegidas com material emborrachado, coloque câmeras
em todas as áreas da sua escola;
Para os pais:
Ao matricular o seu filho numa escola verifique se esta instituição atende todos os requisitos de segurança na sua estrutura;
Procurar um culpado ou tirar o seu filho da escola não resolverá o problema;
O seu filho pode não ser o santinho que você imagina. Algumas crianças se machucam porque adoram transgredir regras;
Proporcione ao seu filho o máximo de oportunidades motoras possíveis, pois quanto mais habilidades ele desenvolver menos riscos de quedas ele sofrerá.
Postado por Inara da Silva Santos , Segunda, 30 Julho 2012
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