quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

A paradoxal da Educação brasileira

Numa recente reportagem da Folha de São Paulo, foi apresentado um quadro bastante animador para a população brasileira: a taxa de desemprego nunca foi tão baixa, estão sobrando vagas e faltam candidatos. Parece bom? Mas apesar disso, a reportagem avisa que os pequenos negócios estão com dificuldades de contratar funcionários de baixa qualificação, isto é, com escolaridade até o ensino médio. Para uma faixa salarial entre 700 e 1.200 reais, o maior entrave é atrair os candidatos. Os poucos que se interessam pelas vagas têm formação muito deficitária. Eles têm problemas com contas e dificuldades de escrever corretamente”, coloca uma gerente de Recursos Humanos entrevistada pelo jornal.


A solução encontrada é a utilização de cotas para universidades, concursos, e todas as oportunidades em que hajam poucas pessoas qualificadas para exercer a função. Mas as cotas são realmente a solução? Por que não criar mais escolas de ensino médio de excelência, atraindo assim os melhores alunos das escolas públicas?

Por que no sistema no ensino médio não há mais esforço para garantir qualidade, haja vista a dificuldade na formação da massa dos estudantes?

Questões sociais e políticas levaram a massificação ao acesso das crianças à escola, mas isso não garantiu a qualidade. O papel do governo é garantir essa formação básica, de forma atraente e efetiva, necessária para o ingresso no mercado de trabalho. Se isso fosse feito, não haveria necessidade de políticas de cotas: melhores alunos acessam as melhores escolas. Os outros podem pelo menos garantir que terão opções de acesso ao ensino superior, como Fies e Prouni, e não apenas as estaduais e federais.

A discussão das cotas é importante, mas muito mais importante e necessário é o investimento na formação dos jovens que desejam iniciar sua carreira e estão muito mal preparados para enfrentar os desafios atuais. Faltam as bases: comunicação e raciocínio.

Afinal, o que estamos ensinando nas escolas? Por onde os nossos jovens irão começar? Como irão desenvolver seu potencial sem o mínimo de condições de competir no mercado de trabalho?

Responder a essas questões se torna crucial para que as escolhas sejam feitas pelos diretores de escola, professores e a comunidade em geral. Esse é o maior desafio de agora e para a frente.

Adaptado do texto de Letícia Bechara, no Jornal do Brasil.

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